
Muita gente ainda se confunde sobre o que é trade marketing. Até mesmo profissionais da área, quando questionados sobre uma definição, sentem dificuldades ao tentar chegar a um conceito.
A verdade é que a área de trade marketing é muito ampla. Engloba diversos aspectos, envolve vários setores empresariais e depende de pontos de contato distintos para que as ações sejam um sucesso.
Este conteúdo foi desenvolvido especialmente para que você não tenha mais dúvidas sobre nenhum tópico relacionado a trade marketing.
Prepare-se para descobrir tudo o que você precisa sobre:
E é aí que os limites entre um setor e outro começam a se confundir. Pode parecer simples, mas te convido a desmembrar cada setor para entendermos melhor a complexidade:
- O que é trade marketing, como funciona e o que inclui
- Por que é preciso ter uma estratégia bem definida
- Como ocorre uma operação de trade marketing
- O que marketing, vendas e trade marketing têm em comum
- Boas práticas de trade marketing
- O surgimento do trade marketing no Brasil
EXPLICANDO: O QUE É TRADE MARKETING
Este é o momento de falarmos sobre conceitos e definições. Há diversas formas de contextualizar o trade marketing. Basicamente, trade marketing é uma estratégia B2B – ou seja, de empresa para empresa – realizada através de canais de distribuição, que tem como prioridade atender às demandas específicas do shopper no ponto de venda. Antes de aprofundarmos conceituações, precisamos esclarecer certos pontos. Afinal, a área de trade marketing engloba uma série de outros conceitos que, por sua vez, precisam ser apresentados para que seu funcionamento seja melhor compreendido. São eles:- Shopper: o comprador do produto. Em outras palavras, a pessoa que está no ponto de venda para efetuar a compra. Em algumas situações, shopper e consumidor não são a mesma pessoa.
- Ponto de venda: também conhecido por PDV, o ponto de venda nada mais é do que o local onde os produtos são disponibilizados para compra – online ou offline.
- Canais de venda: são tipos de PDV. Supermercados, farmácias, conveniências, lojas de departamento, marketplaces, e-commerces, televendas, catálogos e lojas especializadas são exemplos de canais de venda.
- Canais de distribuição: são os meios através dos quais os produtos chegam ao cliente final. Essa disponibilização pode ser feita através de canais de distribuição diretos ou indiretos.
- Share de gôndola: é o espaço que a marca tem destinado nas prateleiras para a exposição de seus produtos. Note que share de gôndola, também conhecido como shelf space, é diferente de market share. O último é a fatia de mercado que a empresa domina dentro de um contexto.
“(…) com o tempo escasso, excesso de informações e atenções cada vez mais difusas divididas entre as várias mídias, o trade marketing tem e terá um árduo trabalho no sentido de disponibilizar, promover e criar valor para as marcas de produtos no momento de decisão, dentro do ponto de venda.”Sim, o trade pode ser bastante confuso neste momento de transição. E, se você está lendo este conteúdo, provavelmente já se fez algumas perguntas do tipo: como começar uma área de trade marketing? Devo responder ao Comercial ou ao Marketing da empresa? É melhor internalizar ou terceirizar um setor de trade? Calma. Prometo que você vai terminar essa leitura sabendo todas as respostas! Ajeite-se na cadeira a siga adiante para sanar todas as suas dúvidas.
POR QUE O TRADE PRECISA DE UMA ESTRATÉGIA?
Explicar o que é trade marketing e como suas estratégias têm transformado o mercado é extremamente gratificante. Porém, antes você precisa saber que a dinâmica do mercado mudou com a estabilidade econômica no Brasil – a partir dos anos 90 e com o aumento da oferta de produtos. O que era resolvido apenas pelo sell in ou push (nomes dados à venda de produtos do fabricante a um canal indireto, sem a garantia de revenda), passou a necessitar de sell out ou pull (quando o produto é vendido ao consumidor final). A informação é o principal pilar do trade marketing. Ações promocionais, resultados, mix de produtos, canais de vendas, preços, concorrentes, share e pontos extras são exemplos de mensurações que precisam estar na ponta do lápis. Uma pesquisa realizada e divulgada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), em maio de 2017, revelou que quatro em cada 10 brasileiros se rendem a compras por impulso – mesmo em tempos de crise. O fato gera insumos importantes para o segmento cuja função, além da disputa por espaço na gôndola, também envolve a capacidade de detectar oportunidades no ponto de venda. Daí a importância de ter uma estratégia de trade marketing bem definida. E montar uma estratégia, ao contrário do que muitos pensam, não é nenhum bicho de sete cabeças. Basta saber para onde olhar. Ter uma estratégia de trade marketing nada mais é analisar corretamente os pontos que comprovam o desempenho da marca no atendimento. Em outras alavras, tem muito a ver com a coleta e análise de dados sobre o que acontece no PDV. Será que tudo o que você planejou está sendo executado de acordo nos pontos de venda? Independentemente do seu segmento de atuação, do porte da organização ou da maturidade das operações de trade, é possível traçar uma estratégia com informações básicas sobre três questões essenciais:- Preço
- Presença
- Share de gôndola
O QUE FAZ UMA OPERAÇÃO DE TRADE MARKETING
O grande desafio, para a maioria das empresas, é entender a real função de uma operação de trade marketing. Ainda é comum que a área seja interpretada como necessária somente para gestão de promotores, ou então para produzir materiais de merchandising. Lembre-se: o trade marketing vai muito além disso. É natural, porém, que a empresa passe por fases de desenvolvimento do setor desde a sua criação. Dessa forma, não é um erro o fato de se dedicar à gestão de promotores nos primeiros passos após a implantação. Foi o que constatamos, por exemplo, com a pesquisa Trade Insight 2017. Entre as empresas em que a área de trade possui apenas um ano, 34% responderam dedicar-se apenas à gestão de promotores. Quando a operação amadurece e já tem de um a quatro anos de implementação, o trade passa a se dedicar mais ao desenvolvimento de planos para clientes. Acontece que uma operação de trade marketing não depende apenas de uma pessoa. Ao contrário, envolve uma série de ações e profissionais que, por sua vez, devem estar alinhados com o propósito da organização. Uma operação de trade marketing também não é só o que acontece no PDV. Começa bem antes da execução e envolve trabalhos de análise, supervisão, coordenação e gerência. É o que chamamos de backoffice – a equipe por trás de todas as estratégias e ações de trade. São cinco os principais cargos da área:- Promotor(a): é a pessoa que faz a mágica acontecer no ponto de venda. É quem coloca em movimento tudo o que foi planejado nos bastidores. Os olhos e o coração da marca frente ao shopper.
- Supervisor(a): é o profissional que garante que as coisas estão, de fato, acontecendo no PDV. Tem experiência com negociações e campanhas, domina o guia de merchandising e é responsável por fazer a gestão dos promotores em campo.
- Analista: faz parte do time de backoffice e atua com base em dados concretos. O que quer dizer que estuda as informações colhidas no PDV com o intuito de otimizar processos e resultados.
- Coordenador(a): ocupa posição mais estratégica, uma vez que é a pessoa responsável por identificar oportunidades e melhorar processos internos para o atingimento de metas.
- Gerente: faz um trabalho de gestão e acompanhamento de todas as ações desempenhadas pelo time. Tem relacionamento direto com outras áreas da organização, especialmente com os setores de marketing e comercial, para alinhar ações e expectativas em busca de melhores resultados.
TRADE MARKETING, MARKETING E COMERCIAL: QUEM FAZ O QUÊ?
É importante destacarmos aqui que o conceito de trade marketing está em constante evolução. Esta pergunta pode ter as respostas mais variadas, pois o trade é o resultado de ações estratégicas que serão alinhadas de acordo com as necessidades de sua empresa. Explicando de forma generalizada, trade marketing é a integração entre os setores de marketing e vendas.
MARKETING
Área com especialidade em: marca (branding) e consumidor. Principais objetivos: maximizar share e lucros. Atribuições:- Definir objetivo de faturamento, volume e lucro de marca;
- Definir posicionamento e estratégias da marca;
- Definir e controlar investimentos da marca;
- Acompanhar e planejar a participação no mercado;
- Planejar e controlar budget;
- Desenvolver promoções ao consumidor;
- Lançar produtos;
- Gerir comunicação da marca;
- Pesquisar consumidor e shopper;
- Analisar dados do mercado.
TRADE MARKETING
Área com especialidade em: canal, categoria e shopper. Principais objetivos: maximizar a performance das categorias e dar suporte aos resultados pretendidos. Atribuições:- Recomendar estratégias e táticas de marketing;
- Gerenciar investimentos nos canais de venda;
- Desenvolver calendários e atividades nos PDVs;
- Avaliar resultados das atividades promocionais;
- Recomendar e analisar performance de vendas;
- Recomendar preços e descontos;
- Coordenar pesquisas de consumidores nas lojas;
- Apresentar análises de mercado para os clientes;
- Desenvolver eventos para criar laços com shopper e consumidores.
VENDAS
Área com especialidade em: clientes. Principais objetivos: alcançar objetivos traçados pelas contas. Atribuições:- Volume e lucro da conta;
- Negociação com clientes;
- Implementação do plano de negócios da conta;
- Implementação do plano de distribuição;
- Controle de verbas da conta;
- Coordenação força de vendas;
- Análise de performance da conta.
- Distribuição
- Execução de mix de produtos
- Gerenciamento por categorias
- Planogramas
- Exibitécnica
- Campanhas de incentivo
- entre tantas outras

COMO FAZER TRADE MARKETING
Separado o joio do trigo, chegou a hora de falarmos de forma um pouco mais detalhada sobre o que se espera de uma equipe de trade marketing. Sabemos que é um setor com ligação direta entre marketing e comercial. Sabemos, ainda, que reúne uma equipe de profissionais cuja principal missão é garantir a perfeita execução no PDV – sempre em alinhamento com as estratégias da empresa e foco nas necessidades e expectativas do cliente, claro. Pois bem, o primeiro passo para montar uma estrutura de trade marketing é traçar um plano de distribuição e logística do produto. Tudo deve ser planejado pensando em despertar o interesse de compra no ponto de venda. É fundamental, portanto, definir os canais de venda onde a marca estará presente. A partir disso, uma equipe de campo deverá seguir orientações repassadas através de programas de capacitação e treinamento para garantir que a disposição dos produtos esteja de acordo com o planejado. O plano deve seguir diretrizes de gerenciamento por categorias, precificação, mix de produtos, planograma e shopper marketing. Essa mesma equipe de campo é encarregada de acompanhar o desempenho dos produtos nas lojas. Monitorar ações da concorrência, controlar a reposição, mensurar o sell out, conquistar pontos extras e pensar em como melhorar a execução também são tarefas dos promotores de venda. Para Rubens Sant’Anna, professor da ESPM-Sul, a estruturação do setor é o caminho para dar resultados. Ele acredita que o trade marketing deve oferecer para a empresa:- Merchandising e promoção;
- Treinamentos (de promotores e vendedores);
- Gerenciamento de categorias;
- Eventos e relacionamento com o shopper (ações promocionais, levar o shopper para outros ambientes que não sejam apenas o de venda);
- Inteligência de canais (e de shopper).
- estratégia;
- e tática.
- Para reforçar o aprendizado, confira o webinar “Processos e conceitos de trade”, com Tania Zahar Miné
A HISTÓRIA DO TRADE MARKETING NO BRASIL
No Brasil, o trade marketing chegou na década de 1990, quando o mercado aquecido teve aumento da competitividade entre os varejistas e a indústria. O setor que mais se utilizou do conceito de uma nova realidade foi o de bens de consumo não duráveis. Agora, imagine o cenário… A economia passava por uma transformação, a tecnologia estava na fase de descoberta e assimilação por parte de quem utilizava. Os consumidores começaram a ficar mais exigentes ao passo em que a competitividade aumentava e o poder de compra das pessoas também. Para a indústria, era preciso estar na frente para explorar os canais de distribuição e chamar a atenção do consumidor. O professor e especialista Adriano Amui explica no livro “Trade Marketing – Pontos de Vista Expandidos” que a necessidade de chamar a atenção do shopper foi um movimento de defesa. É preciso estar por dentro da finalidade desse conceito para indústrias, distribuidores, varejistas e – muito importante – para o shopper. Esse é o personagem principal de qualquer história relacionada a trade marketing. O que compra, como compra e onde compra são detalhes que mudam qualquer planejamento. As indústrias entenderam que o varejo precisava ser respeitado como parceiro nas vendas, já que este seria o principal canal de vendas para chegar até o consumidor. Lembrando que, até aqui, estamos nos referindo somente ao varejo físico. A complexidade fica ainda maior quando falamos sobre varejo online e incluídos à equação termos como omnichannel e e-commerce.- Leia mais sobre a influência do trade marketing no e-commerce da Unilever
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